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Nos últimos meses tenho dado por mim a pensar sobre o que é o amor, mais especificamente o amor entre duas pessoas que decidem partilhar a vida, e onde é o limite entre crescer ou estar com algemas.
A verdade é que não tenho uma resposta objectiva!
Alguns pontos são simples e até intuitivos de perceber e/ou definir, por exemplo:
O amor entre duas pessoas num relacionamento longo não é de certeza a atracção física, nem a sintonia sexual. É certo que embora sejam pontos importantes (para uns mais do que para outros, claro), os corpos vão-se alterando ao longo do tempo, o ímpeto sexual também e se for amor a sério, quando ou se um dos membros do casal deixa de conseguir chegar a vias de facto, quando engorda, envelhece, sofre os efeitos da gravidade, ou fica feio(a) que nem uma bota da tropa (seja por doença ou outra coisa qualquer), para o outro não terá grande impacto, gosta e gosta sempre, está ali sobretudo para ser companheiro(a) e está tudo bem.
Ou seja, um amor a sério é praticamente uma relação simbiótica e não está fundada no aspecto físico.
No entanto, chego à conclusão de que também não é só isso, vamos ver:
É certo que é importante amar e ser amado(a) por alguém que não nos larga nas alturas difíceis, alguém com quem nos imaginemos a limpar-lhe o rabo quando for velho(a) ou doente e mais, com quem nos sintamos completamente à vontade e ao mesmo tempo vulneráveis no bom sentido, sem quaisquer problemas em todas as situações, no limite, com quem tenhamos confiança para nos limpar o rabo a nós!
Quem escolhemos para dividir a vida tem de ser o(a) nosso(a) melhor amigo(a), tem de ser alguém a quem não mentimos, não omitimos, não traímos, com quem falamos sem esforço, admiramos, protegemos, com quem nos sentimos confortáveis mesmo perante as suas manias e coisas menos boas que só detectamos no dia a dia da rotina.
Mas também não pode ser só isso!
É a parte burocrática, são as contas, as alegrias, as tristezas, os desafios, problemas complexos, passeios românticos, o respeito infinito mantendo a maluqueira sem limites entre quatro paredes, as visões, crenças e opiniões diferentes, o humor, sacrifício, trabalho árduo, é o dar espaço, o estar sempre presente e mais um universo de coisas e coisinhas.
Mas catano, é isto tudo a acontecer por alguém só porque aconteceu sentir algo especial pela outra pessoa e ter a sorte da outra pessoa sentir o mesmo por nós partilhando os valores acima.
É difícil sim, mas vai acontecendo.
No entanto o meu raciocínio vai mais além:
Tudo isto é muito bonito, implica trabalho e dedicação de ambos para resultar, se é a sério não é algo descartável... mas há limites?
Assim de repente ocorrem-me a existência dos limites óbvios como a violência física, verbal e/ou psicológica, mas e o resto?
E quem não se sente desejado, amado, tratado como almeja no seu íntimo? Onde e como definir onde termina a personalidade do outro e começa o desrespeito por quem não está confortável? Como definir se são uns mimadinhos infantis pois na verdade são amados à maneira que o outro sabe ou consegue, ou se de facto estão a viver com alguém que está ali só porque sim, por conveniência, por hábito, por um deixa andar morno?
Todos têm o direito de ser felizes, quanto mais não seja, sozinho(a)! Onde é o limite entre sair por irresponsabilidade, mimo exacerbado, ou egoísmo, em oposição a sair com propriedade e amor próprio?
Bem sei que isto é de acordo com a consciência de cada um, mas apeteceu-me escrever sobre o tema... e mantenho-me sem respostas.
Não sei, se calhar ando com demasiado tempo para pensar!
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